Eu sempre achei meio piegas essa história da pessoa que parou de fumar e virou um super atleta, ou adotou um estilo de vida ultra saudável, ou as duas coisas ao mesmo tempo. Olhava para esses casos e achava bizarro, afinal de contas não precisa fazer o drama todo, não é porque prejudicou a saúde por muitos anos que agora tem que ser o Mr. Saúde. Sabem aquela história "Dessa água eu não beberei?", pois então... fiz até um drink com ela rsrsrs saúde!
"Dessa água não beberei" e depois... |
No ano passado, para piorar ainda mais a situação, eu já estava em um ponto do vício em que até para ir correr eu ia fumando. Acendia o cigarro até o local da prova, guardava tudo no guarda volumes e na volta pra casa fumava de novo e por aí ia. Nos treinos era a mesma coisa, eu literalmente só parava de fumar para correr. Não me orgulho disso, muito pelo contrário, isso me preocupava demais e estava me fazendo muito mal.
Quando parei de fumar a corrida foi uma grande aliada. Sentir a diferença entre correr como fumante e como ex-fumante foi algo de muito impacto para mim. Percebi que sem fumar essa atividade física ficou muito mais prazerosa e comecei a perceber a minha evolução. A corrida me mostrou claramente o quanto o cigarro me prejudicava em inúmeras maneiras e isso me estimulou o tempo todo a seguir em frente na luta contra o vício.
A ideia inicial era correr a São Silvestre para comemorar o fim do vício. Assim o fiz em dezembro do ano passado. Na mesma época percebi que em uma data muito próxima a do meu 1 ano sem fumar teria a Meia Maratona do Rio de Janeiro e pensei comigo "Por que não?". Na loucura me inscrevi e ao mesmo tempo que fiquei com medo do que me aguardava, senti a pressão do compromisso que tinha assumido e me entreguei aos treinos de um modo que nunca fiz antes.
Cada treino, cada melhoria no tempo, cada medalha, da corrida que fosse, foram nesse período como um abraço de recompensa pela minha luta pessoal. Nunca soube se esse tempo todo eu corrida de algo (medo de recaída!) ou em direção a alguma coisa (recordes!), acredito que um pouco dos dois. Assim o tempo foi passando. Compartilhei uma boa parte das corridas aqui no blog, quem acompanha deve ter visto.
Eis que o dia da meia maratona chegou. Foi anunciada a largada e lá fui eu pelo Rio de Janeiro a fora conquistar a minha primeira meia maratona. Pela primeira vez corri sem música, dessa vez fui eu e meus pensamentos e acho que de agora em diante correrei assim. Até nisso eu mudei ao longo desse ano. Curti cada segundo desse longo percurso: a torcida, a paisagem, todos os passos dessa conquista.
Na metade do caminho vi Cristo de braços abertos e não pude conter a emoção. Ele estava lá abençoando essa reta final da minha luta contra a dependência química. Cruzei a linha de chegada e fui tomada por uma alegria nunca antes sentida. Sensação de dever cumprido em todos os aspectos. Eu parei de fumar e me tornei meia maratonista!
Continuarei os meus treinos e pretendo correr mais algumas meia maratonas, adorei essa distância. Muitos amigos insistem para eu partir para o projeto Maratona... eu não sei se tenho coragem, mas aprendi a nunca mais dizer que dessa água não beberei! Vou deixar meu coração decidir o caminho que devo seguir. Uma coisa é certa: lembrarei para sempre toda a ajuda que esse esporte me deu na luta contra o vício, eu devo muito a ele por isso! Viva a corrida de rua!
Meia maratona entregue! |
Eu só tenho a agradecer! |