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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Como comecei a fumar

Eu falo tanto de parar de fumar, mas acredito que já é hora de compartilhar por aqui como foi que eu comecei. Na realidade não foi algo que ocorreu da noite para o dia, foi um processo que aconteceu aos poucos, ao longo de algum tempo. Vou tentar fazer aqui um resumão express, porque a história com todos os detalhes daria um livro.

Desde cedo o cigarro esteve presente na minha vida, pois minha mãe era fumante, então conviver com o tabaco era algo que de certa forma eu sempre estive acostumada. Ainda que a maioria das vezes minha mãe fosse super discreta, evitava fumar na nossa frente e tudo mais, eu sabia que ela fumava, de vez em quando via ela fumando e aquilo me causava curiosidade. Eu me recordo de bem pequena tocar no maço de cigarros ou no cinzeiro e ela me repreender, dizendo que eu não deveria mexer com aquilo, que era sujo. Se era sujo, horrível e tudo mais, por que ela fazia aquilo? Além do mais eu achava bonito vê-la com o cigarro - provavelmente um resquício da propaganda de tabaco que era permitida nos anos 80 e que mostrava mulheres e homens lindos e elegantes com o cigarro na mão. Ainda na infância eu me recordo de pegar incensos, acendê-los e levá-los à boca fingindo que era meu cigarro.

Avançando um pouco os anos, vamos para a minha adolescência. Eu estava morrendo de curiosidade a respeito do assunto e estava determinada a fumar meu primeiro cigarro. Eu fui atrás dele e adivinhem onde consegui? No maço de cigarros da minha mãe! Uma noite fui escondida lá onde ela deixava o dito cujo, peguei um cigarro e foi ele o primeiro que fumei na vida. Eu detestei o cheiro, o gosto, a tontura que me deu e tudo de ruim que vem junto. Lembro que depois disso fiquei com peso na consciência vários dias seguidos. Eu devia ter uns 13 anos mais ou menos nessa época.

Vamos agora adiantar para um ou dois anos mais para a frente. Eu estava na casa de uma amiga, com uns amigos dela, e adivinhem? Alguém surgiu com um maço de cigarro. O plano era ir na praça, em frente à casa onde estávamos, para fumarmos. Eu era uma das poucas na turma que já havia experimentado e, bizarramente, isso me dava um status superior. Fomos na praça e foi lá que fumei o meu segundo cigarro... o terceiro... o quarto... porque eu ia pra casa dessa minha amiga em torno de duas vezes por semana, toda semana, então íamos sempre na praça fumar.

Um tempo depois essa "grande amizade" acabou por problemas banais de adolescentes, então as minhas tardes fumacentas foram bruscamente interrompidas. Acontece que ao invés de sentir falta da amiga eu fiquei com saudades do cigarro e a partir de então eu sempre dava um jeito de arranjar um cigarro quando possível. Essa minha pequena aventura foi novamente interrompida quando fui morar fora do país.

Quando voltei do intercambio a escola estava diferente. Último ano de colégio, todos se aproximando da maior idade e, com isso o número de fumantes explodiu. Comecei de novo a filar cigarros na saída do colégio, nas festas e nos eventos. Quando menos percebi eu já estava com o meu próprio maço de cigarros. Eu não fumava todo dia, mas sempre que tinha uma oportunidade lá estava eu, seja ela na varanda da minha casa, no banheiro, na área de lazer do meu prédio... e foi aí que começou pra valer e o vício se tornou o que se tornou. Por isso que ao fazer a somatória do meu tempo de fumante eu cálculo a partir dos 17 anos.

Minha mãe dizia que morria de remorso de ter fumado na minha frente, pois ela se sentia responsável por eu ter me tornado tabagista. Eu acredito que não. Ok, vê-la fumando me dava curiosidade, o fato de ter cigarros em casa tirou o grande tabu que esse assunto poderia ser. Isso sim, até aí concordo, mas eu fui atrás do cigarro porque eu quis, talvez se minha mãe não fumasse eu iria atrás disso em algum momento, é imprevisível tudo isso. Muitos fumantes que conheci não tem nenhum tabagista na família, então como explicar?

Enfim, minha mãe morria de remorso e arrependimento e ela vivia me dizendo isso. Ela parou de fumar por minha causa, dizia que não aguentava me ver fumando sem se sentir culpada. Sabe o pior? Ela faleceu de câncer... no pulmão... por causa do cigarro!

Mas isso é assunto para outro post.

Vamos que vamos, até a próxima pessoal!

domingo, 20 de novembro de 2016

Domingo é dia de corrida (e de falar sobre sábado!)

Domingo é dia de corrida? Sim! E hoje superei o meu tempo sem muita dificuldade, 10k em 52'30 e nem eu consigo acreditar nesse resultado! Reduzi o meu tempo em 12 minutos desde que parei de fumar, além de correr cada vez mais leve, com a respiração cada vez mais limpa e cada vez mais feliz! Estou radiante de alegria!

Sei que domingo é dia de corrida, mas hoje eu gostaria de falar também sobre sábado, o temível!
Ontem pela primeira vez foi um dia como outro qualquer. Não foi o dia da tortura, o dia que eu queria que acabasse logo, o dia do pânico e fissuras contínuas. Ele voltou a ser o que sempre foi: um sábado!

Eu só me dei conta disso quando já era por volta de umas 17h00, cheguei em casa do supermercado (ê programão!) e só lembrei do cigarro porque entrei na internet e dei uma olhada na fanpage do blog.

Aí pensei "Nossa... não senti vontade de fumar até agora, que estranho" e ri sozinha. A luz no fim do túnel apareceu nesse exato momento e eu comecei a acreditar que em algum momento eu vou conseguir viver como todas as outras pessoas não fumantes e não mais como uma fissurada ambulante que briga com as vozes dentro da cabeça!

Desde então não senti mais nenhuma fissura, muito pelo contrário, pensar em fumar está me dando náuseas e eu estou achando tudo isso muito esquisito. Ótimo, mas esquisito, pois de certa forma eu já estava acostumada a sentir vontade de fumar constantemente. Vai entender.

Acredito que uma nova fase vem aí, vamos acompanhar. Vou esperar mais, no mínimo, uns 03 finais de semana para confirmar se o sábado virou apenas mais um dia da semana. Espero que sim, veremos!

Vamos que vamos, mais leve e feliz!
Até a próxima!



sábado, 19 de novembro de 2016

Refletindo!

Por muitas vezes eu pensava comigo "Nossa, menos mal que de todas as drogas eu me viciei em uma que não altera com o psicológico".







Talvez o que eu tentava explicar é que o cigarro não mexia com a minha lucidez, mas não mexer com o psicológico? Faça-me rir!

Fumar me deixava com os nervos à flor da pele e pior é que só me dei conta disso depois que parei! Já falei aqui no blog, fumar não acalma, muito pelo contrário, o cigarro me trazia angústias que só eram resolvidas com um novo cigarro e por aí vai.

O pior de tudo? Acalmar aquela angústia ao fumar trazia uma sensação tão agradável que acho que é por isso que o processo de parar de fumar é tão complicado. Poucas coisas trazem uma sensação tão agradável quanto o alívio da abstinência de nicotina e é justamente dessa sensação que eu sinto falta. Eu repito: não sinto falta do ato de fumar em si, mas sinto muita falta da sensação que eu tinha ao aliviar o vício.

É horrível gostar de uma coisa que a gente detesta, vocês nem imaginam. M-A-L-U-C-O tudo isso. E eu falando que não mexe com o psicológico!!!

Mas não se preocupem, é apenas uma reflexão, eu continuo aqui, firme e forte e sempre em busca de explicações e reflexões a respeito do tabagismo!

Post rápido, dia corrido, mas vamos que vamos!

82 dias! Viva! Que venham os 90!!

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

O último maço de cigarro!

Em praticamente todo o material que consultei para parar de fumar a recomendação é jogar no lixo cigarros, isqueiros, cinzeiros e tudo o que remete ao fumo. O leitor mais atento talvez se lembre, quem não leu o blog desde os primeiros posts talvez não saiba, mas o meu último maço de cigarro ainda existe e vive acompanhado do isqueiro em uma gaveta da minha casa!

Ontem fiz essa mesma revelação no grupo de ex-fumantes e o assunto deu pano pra manga! Daí foi uma série de depoimentos sobre o que cada um fez com o seu último maço de cigarros, algumas histórias renderam boas risadas.

Eu me diverti com o caso do Jarbas. Ele foi um dos que ficou impressionado e confuso com a minha declaração. Ele contou que em uma outra tentativa para parar de fumar, chegou o grande dia e ele jogou o maço no lixo. Dali a algum tempo ele revirou o lixo, buscou os cigarros de volta e voltou a fumar. Eu morri de rir, porque eu consigo não só imaginar mas como visualizo exatamente essa cena!

O tio dele teve um desfecho parecido, morador do interior, jogou o maço no mato e voltou pra casa. No meio da madrugada quem estava no matagal de lanterna e tudo procurando o cigarro? Por isso o Jarbas defende descartar tudo quanto é cigarro na hora de parar. Dessa vez ele conseguiu seguir em frente com o plano, mas teve que abrir a torneira e colocar os cigarros embaixo d'água, inutilizando eles um a um!

A Patrícia disse que jogou os maços no lixo e ficou esperando o lixeiro passar. Ela realmente esperou o saco de lixo entrar no caminhão para ter certeza que não teria como fazer um resgate do maço em um momento de desespero.

Eu sou da turma que não teve coragem de fazer o despacho e para minha surpresa descobri que não sou a única que guardou os cigarros! A Keleu guardou dois maços fechados! Uma outra moça comentou que tem meio maço também, além de outros casos bem parecidos. Estranho, né?

Ontem vi uma explicação interessante. Uma moça comentou que jogar fora traria a ela a ideia de proibição e aí sim ela sentiria dificuldades em parar. Pode até ser, faz bastante sentido. A própria Keleu, mencionada acima, comentou que uma vez tentou parar jogando tudo fora e não deu certo, dessa vez ela conseguiu, mas sem jogar os cigarros fora.

De certa forma quando guardei meu maço e isqueiro isso me trouxe uma tranquilidade, pois eu sabia que em caso de pânico eles estariam ali me esperando. Também me senti muito mal quando fui coloca-los na lixeira, então voltei atrás. Sei lá... só sei que mesmo com o inimigo dormindo na gaveta ao lado, eu consegui parar assim! Não sei se é muito indicado, diria que se a pessoa não tem autocontrole é melhor jogar fora para não cair em tentação.

Qualquer hora eu tomo coragem e dou um fim neles, por enquanto me sinto melhor assim, deixa eles lá!

E vamos que vamos! Até a próxima pessoal!

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

No churrasco!

Sobrevivi a mais um churrasco sem o cigarro! Como eu disse, mais um, pois não foi a primeira vez que tive esse tipo de atividade, mas por incrível que pareça ontem estava mais difícil encarar a programação sem fumar do que nos outros eventos desse tipo que tive lá no primeiro mês sem cigarro.

Havia dois ex-fumantes ontem e, como eu nunca resisto, perguntei se eles não sentem mais vontade de fumar, uma vez que eles abandonaram o vício faz alguns anos. Em um dos casos a resposta foi bem enfática: "Não". O outro já me disse que sente sim e que se pudesse ele estaria lá no canto com o pessoal que estava fumando - que era exatamente onde eu também queria estar quando fiz a pergunta.

Aí eu continuo tão perdida quanto sempre estive, sem saber se um dia a vontade vai desaparecer da minha cabeça de uma vez ou se para sempre vou viver me controlando e tentando esquecer algo que insiste em me lembrar que existe.

Eu digo que atualmente aquela voz na minha cabeça que pedia cigarro a todo momento está mais silenciosa... menos frequente... mas quando ela vem aparece com um megafone berrando na minha cabeça!

O jeito é respirar fundo, entender e seguir em frente. Resisti bravamente ontem e hoje me sinto bem por ter evitado qualquer recaída. Eu não ia saber lidar com isso!

Vamos que vamos, ao som do megafone, mas não posso parar! Força Carol!!!

domingo, 13 de novembro de 2016

A minha varanda


Domingo já é um dia de preguiça, hoje além de tudo está chovendo desde cedo e a vontade é de sentar em um sofá e ficar pensando na vida. É isso mesmo que estou fazendo há algumas horas acompanhada de um café quentinho na varanda do meu apartamento.

No celular uma mensagem me chama e começo o papo no grupo de ex-fumantes. A conversa toma um rumo e logo vemos que somos vários ex-fumantes no grupo, sentados na varanda e cada um tinha uma relação especial com esse ambiente da casa na época da fumaça.

Minha varanda é o lugar dos meus pequenos prazeres da vida: ouvir música, ler o jornal, tomar café, cuidar das plantas, verificar a pequena adega e, até dois meses e meio atrás, fumar um cigarro. Tudo em um pequeno espaço de poucos metros encravado no centro da cidade.

Eu ainda não superei 100% não poder mais fumar aqui, mas pelo visto os meus móveis, minhas plantas e, acima de tudo, meus cachorros já se adaptaram completamente no ambiente sem fumaça. Todos parecem mais felizes, isso me fortalece, pois essa nova realidade é minha também e logo ficarei bem!

No meio dessa turbulência de pensamentos eu me dei conta de uma coisa: a janela da varanda sempre ficava aberta, pelo menos uma! Eu sempre mantinha certa ventilação para o cheiro do cigarro não ficar muito forte, mas com isso eu sempre passei frio por aqui nos dias de inverno e nos dias de chuva também sempre entrava água. Poderia ser uma tempestade ou o frio de rachar, mas fechar totalmente a varanda significava manter o fedor de cigarro pra dentro da casa, então fechar o vidro estava sempre fora de cogitação.

Hoje está chovendo e pela primeira vez todas as janelas ficarão totalmente fechadas. Fedor de cigarro e água pra fora, cachorros e plantas pra dentro. Realmente, estou no começo de uma nova vida!

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

"... resolvi que eu agiria com o cigarro da mesma maneira que eu lidei com a morte..."



Quando eu decidi parar de fumar eu sabia que seria difícil, mas eu levei tanto tempo para me animar com a ideia de parar com o cigarro que dificuldade nenhuma me faria mudar de plano. Se eu tive e estou tendo dificuldades nesse percurso? Inúmeras, mas para minha surpresa esse processo tem se mostrado muito menos complicado do que eu imaginava que seria.

Eu já passei por algumas perdas significantes na minha vida e resolvi que eu agiria com o cigarro da mesma maneira que eu lidei com a morte de pessoas muito queridas. Para mim o cigarro foi um grande amigo, especial e muito companheiro, que faleceu no dia 29 de agosto e não há nada o que fazer a respeito, o mais próximo que posso chegar dele é através das lembranças. Fim.

Eu já perdi pessoas especiais e eu lembro que por bastante tempo eu me via pensando nelas, imaginando coisas como "Poxa, queria tanto poder contar para ela sobre isso, ela iria adorar", ou até frequentando lugares que foram especiais para nós. O jeito era entender a situação e seguir em frente. Com o cigarro tem sido assim, lembro de lugares que eu gostava de ir para fumar, lugares que seria bom tê-lo como companhia, mas ele está lá no quadrante dos que bateram as botas, nada poderá traze-lo de volta.

Eu uso muito essa ideia da morte no meu processo de parar de fumar e tem me ajudado bastante, mas sei que muitos podem nunca ter passado por um luto tão grande. O que fazer? Eu usei outro dia a comparação com o término de um relacionamento e percebi que pode ser levada da mesma maneira.

Imagine que o cigarro é um ex-companheiro seu, vocês tiveram um relacionamento, foram muito felizes juntos, mas um belo dia uma das partes resolveu terminar. Aí você se vê sozinha(o) e desesperada(o). Você já fez inúmeras tentativas, mas reatar a relação já foi determinado que e é impossível. Bem, o jeito é seguir em frente. É difícil? Sim. Haverá lugares que você vai lembrar da pessoa amada, situações que gostaria de compartilhar com ela, momentos que gostaria de tê-la ao seu lado, mas acabou, fim, game over.

De vez em quando eu ainda adiciono no exemplo do relacionamento que a outra parte, de quem você se separou, te batia e te maltratava, já pararam para pensar? Eu também gosto de adicionar que tem recém-separado que precisa ficar longe do celular quando bebe, se não corre o risco de ligar bêbada(o) para a outra parte. Com o cigarro é assim também, ou não é? Se não se sente forte bebendo sem fumar, evite o álcool por uns tempos.

Eu gosto dessas comparações, penso bastante nelas quando a fissura aparece e isso me ajuda bastante. É uma maneira mais clara de entender a abstinência e também de confiar no poder do tempo. Para a morte ou separação o melhor remédio é o tempo, então no meu processo sem cigarro será assim também!

Eu já disse, essa história de parar de fumar é uma coisa que só vou enfrentar uma vez, então vou ter que dar um jeito de ter sucesso nessa tentativa! Vamos que vamos! Até a próxima pessoal!