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sexta-feira, 23 de junho de 2017

Saudades! Será essa a palavra?



Dia desses eu estava com um acúmulo tão grande de atividades que pensei comigo mesma: "Queria ter um cigarro agora, só para largar tudo o que eu estou fazendo e me dar 5 minutos sem pensar em nada".

Na sequência fiquei com peso na consciência por ter pensado assim, mas no fundo eu sabia que era verdade. Não encontrei ainda um substituto que me permita largar tudo que estou fazendo e abstrair completamente os meus pensamentos por alguns minutos. A pausa do cigarro era como entrar em uma realidade paralela e depois voltar. Por outro lado eu sei que se tivesse um cigarro disponível eu não iria fumar. A vontade não é da química, eu não fumaria e não tenho vontade nenhuma do gosto daquilo. O que eu queria era a pausa, somente isso.

Conversei com outros ex-fumantes e encontrei a definição que melhor pode descrever isso: Saudades!

Tudo se confirmou quando na semana seguinte fui viajar. No hotel não pude deixar de notar que na varanda do meu quarto era permitido fumar e que na época do tabagismo eu ia achar incrível ter a permissão de fumar tão perto do quarto e, mais ainda, com aquela vista linda. Ao longo do passeio também percebi que todos os outros hotéis ofereciam varandas com cadeiras e cinzeiros e não pude deixar em pensar na sorte dos tabagistas em não ter que passar por um perrengue para fumar no hotel.

De novo, horrível isso. Ainda observo, mesmo que não na mesma frequência de antes, onde vende cigarro, onde pode fumar... afinal de contas, passei 14 anos da minha vida fazendo isso, meu olhar ainda se volta a esses pequenos detalhes.

Eu observava isso (está vendo o cinzeirinho ali?)...

... enquanto caminhava nisso! Loucura!

Ainda sobre a viagem, assim que retornamos à São Paulo, muitas e muitas horas de voo depois, logo que saí do aeroporto olhei para a área de fumantes e também me passou pela cabeça como era um sentimento incrível poder aliviar o vício depois de tantas horas de abstinência. O voo era sofrido, mas o cigarro na calçada do aeroporto era tão compensador, dava uma sensação maravilhosa.

De novo: saudades! De novo: peso na consciência por ter esse tipo de pensamento!

Esse sentimento é completamente diferente da fissura. Fissuras são péssimas, angustiantes, sofridas. Esse saudosismo não, trata-se apenas de uma coisa hipotética (seria, gostaria, adoraria, ia, ia, ia...), mas depois me volto ao que estou fazendo e vida que segue. Sem dor, sem tristeza, somente uma pontinha de remorso por pensar no fedidão de um jeito nostálgico.

Acabo por achar tudo isso muito maluco, pois é confuso ter saudades de uma coisa que não me agrada mais, que não quero para mim e que, mais ainda, só me traria tristeza e frustração se acontecesse. Além disso, minha vida melhorou e eu sei disso, porque eu sinto isso de diversas formas, então não faz sentido nenhum ter saudades. Tragam a camisa de força. Já!

O vício é uma coisa tão maluca que ele mesmo faz a gente esquecer o lado ruim da história - que digamos, era 99,9%. Ele nos faz lembrar somente dos momentos de prazer (se é que podemos dizer assim, pois quando parei de fumar percebi que esse momento de prazer era uma pura ilusão). Enfim, no aguardo da camisa de força hehehe

Como eu disse, foram muitos anos doutrinando meu olhar para o mundo dos fumantes, vou levar um tempo para esquecer completamente isso ou talvez eu nunca esqueça completamente, não sei.

De qualquer forma achei que valia o registro dessa insanidade por aqui! Nada desesperador, só tem me chamado a atenção há algum tempo. Algum ex-fumante pode me dar uma luz? Já passaram por isso? Coisa doida, eu hein!

4 comentários:

  1. SEI EXATAMENTE DO QUE ESTÁ FALANDO ...KKKK TRAGAM DUAS CAMISAS DE FORÇA, POR FAVOR

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    1. Não estou sozinha nessa pelo visto hehehe!!
      Coisa maluca, né?
      Eita!!

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  2. Estou há 14 dias sem fumar, nunca fiquei tanto tempo. Fumo desde 15 anos e ao completar 30 fiquei com medo dos malefícios do cigarro, afinal caso não parasse agora, os danos poderiam ser maiores. Perdi meu avô com 52 anos por causa do cigarro - câncer de pulmão, e por mais que eu sabia que o cigarro matava, até hoje mesmo com a minha perda não tinha vontade de parar. A vida social para um fumante é cada vez mais anti social, levantar na mesa do bar para fumar, afastar das pessoas para a fumaça não chegar perto delas e o.pior quando chega e as pessoas abanam a mão com aquela cara de nojo. Mas eu confesso que mesmo fazendo tratamento com reposição de nicotina (chicletes) e bup eu tenho me sentido muito mal
    Uma tristeza que parece não ter fim. Meu momento de acender meu cigarro, era meu momento, de relaxar e só meu.momento que perdi. Confesso que tem hora que dá vontade de ir correndo e comprar um cigarro, só um, mas sei que esse um vai me fazer voltar com meu maço diário. Espero que essa tristeza passe.logo pq não tá fácil, nao to feliz e hoje são 14 dias. Já bebi minha cerveja e não fumei, como num post seu disse a cerveja não tem o mesmo prazer sem.o cigarro. Espero conseguir, espero que essa tristeza passe logo.

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    1. DC,
      Desculpe por só responder hoje! Não sei o que houve, a mensagem se perdeu na minha caixa. De qualquer forma, que bom que encontrei, mesmo que 1 mês e meio depois.
      Temos histórias bem parecidas e eu entendo perfeitamente essa situação do fumante atualmente. Eu mesma percebi o quanto eu me afastava e me ausentava de vários momentos por causa do cigarro e tudo mais.
      Eu gostava de fumar, gostava mesmo, sentia verdadeiro prazer e tudo mais. Só que o medo falou mais alto e resolvi parar. Foi estranho e horrível no começo... depois as coisas se acertam. Hoje, por incrível que pareça, eu vejo tudo de uma maneira tão diferente. Não consigo entender como pude fumar por tanto tempo e eu me sinto tão mais viva e feliz. Admito que demorou para essa sensação chegar, mas ela chega, acredite!
      Espero que você continue firme no seu projeto parar de fumar! Essa tristeza vai passar, confie!!
      Abraços
      Carol

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