É com muita alegria e emoção que começo esse post comunicando que eu agora entrei para o grupo daqueles que já atravessaram a linha de chegada 42k. Eu sou uma maratonista!
Realmente isso não estava nos meus planos, eu estava feliz correndo 21k e tentando me especializar nessa distância. Depois da Meia do Rio eu fiz mais algumas provas nessa distância e estava bastante satisfeita assim.
Foi quando em março desse ano uma amiga minha, maratonista e educadora física, começou a me pressionar para a maratona. Dispensei logo de cara, falei que ela estava louca e dei o assunto por encerrado. Alguns dias depois ela me incentivou de novo... e de novo... e de novo.
Ela realmente insistiu nisso e, não bastando, prometeu que me treinaria para a prova. Admito que a proposta começou a ficar tentadora, mas ainda assim eu disse que não. Ela continuou insistindo e dessa vez colocou mais duas condições: ela me acompanharia nos treinos longos e correríamos juntas a prova inteira. Ela já tinha 02 maratonas no histórico e é profissional de Educação Física. Ela não estaria falando isso a toa. Pensei bem e lembrei, ainda, que a prova seria 1 mês antes de eu completar 02 anos sem fumar. Não resisti, fiz minha inscrição.
Morrendo de medo olhei o e-mail de confirmação e pensei: sua louca, o que você tem na cabeça? Levei um tempo para me acostumar com a ideia, era estranho me ver nessa situação. Enfim, não sou o tipo de pessoa que desiste fácil. Se eu havia parado de fumar, acreditava que era capaz de correr esse negócio. Até porque já estava inscrita, não teria volta. Vamos pra cima!
Fiz algumas (várias) adaptações na minha rotina e entrei em um ritmo bem pesado de treinos. Respeitei a risca o planejamento que me foi passado, a ponto de me ver no meio de uma viagem pela Itália, cumprindo o cronograma e entregando as distâncias solicitadas.
Viver em uma rotina pesada de treinos foi maravilhoso e cresci muito com isso - mental e fisicamente. Passei a me conhecer muito melhor, respeitar meus limites e a comemorar cada pequena vitória, cada pequena conquista - essa última parte admito que aprendi quando parei de fumar!
O grande dia chegou!
Eis que chegou o dia 29 de julho! Largada no Pacaembu com 42k por São Paulo encerrando o percurso no Jockey. Lá fui eu!
A largada foi no mesmo local onde larguei nas minha primeiras corridas - a primeira como fumante, em 2013, e a primeira como ex-fumante, em 2016. Meus olhos marejaram e foi difícil conter a emoção. O restante do percurso foi uma combinação de várias provas que já fiz pela cidade e um verdadeiro filme passou pela minha cabeça. Foi emoção do começo ao fim. A cada passo, a cada km, eu só conseguia me sentir a pessoa mais feliz do mundo!
Ao longo do percurso meu irmão, meu marido e alguns amigos me encontraram para torcer e correr junto. Não foi planejado, o que deixou a situação ainda mais especial. Cruzei a linha de chegada de mãos dadas com a minha amiga e treinadora, idealizadora dessa loucura. Junto conosco nessa reta final juntaram-se a nós meu marido, um amigo e uma amiga: os três torcendo, gritando e "nos empurrando". Momento mais lindo de se viver!
Não bastava toda a emoção da linha de chegada ouvi um "Carooool" naquele timbre e tom de voz que só uma filha sabe reconhecer. O meu pai! Ele estava lá!
Lembram que só vi ele chorando duas vezes na vida (quando minha mãe morreu e quando eu contei que tinha parado de fumar?) Pois então, essa foi a terceira. Nos abraçamos e choramos muito. MUITO!
Eu ainda não consegui absorver tudo que aconteceu comigo naquele domingo da maratona. Esperei alguns dias para fazer o post, mas percebi que se eu realmente for esperar eu me acalmar, talvez leve meses, ou anos, ou ainda não chegue nunca o dia que esse sentimento acalme em mim.
Foram 4h15min de pura emoção e carrego comigo um sentimento enorme de gratidão e alegria. Nunca saberei agradecer o suficiente a minha amiga, pela insistência e dedicação; a todo mundo que me acompanhou, incentivou e principalmente a Deus por me permitir viver tudo isso.
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Eu consegui! Os 42km são meeeuuuss!! |
A corrida de rua foi uma grande aliada para mim nessa luta contra o vício e posso falar com bastante propriedade que ela me ensinou muita coisa, sobretudo a me conhecer, me amar e me respeitar.
Quantas voltas a vida dá! Quando lembro que por um tempo parei de correr, porque entre a corrida e o cigarro o vício falou mais alto... quem diria. Que bom que me dei conta logo da besteira que estava fazendo e virei o jogo!
Espero encontrar algum outro ex-fumante pelas corridas por aí. Seja nos 5k, 10k, 21k ou até mesmo na linha de chegada de alguma maratona, por que não?
Eu lutei contra uma dependência química, então 42k eu pude com você também. Nunca duvide da força de um ex-fumante! Meu coração que ficou tão apertado e triste na época da abstinência hoje bate feliz e carrega com ele uma medalha de maratona.
Um grande abraço a todos e até a próxima!
Carol - Ex-fumante e MARATONISTA!